A Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic) alerta que o preço do café nos supermercados pode sofrer reajustes de 10% a 15% em breve. Segundo o presidente da entidade, Pavel Cardoso, o aumento deve ocorrer porque os custos da matéria-prima têm sido pressionados. O varejo já iniciou compras mais recentes, o que pode refletir nas prateleiras logo.
A própria Abic reconhece que os números já têm pressionado o consumo: entre janeiro e agosto, houve uma queda de 5,41% nas vendas domésticas, quando comparado ao mesmo período do ano anterior. Parte dessa retração é atribuída aos aumentos já observados em diferentes tipos de café, especialmente o solúvel, que acumulou altas expressivas.
Porém, há um alívio momentâneo do outro lado da cadeia: o indicador de preços do Café Arábica tipo 6 em São Paulo registrou queda de 10,2% de 15 a 22 de setembro, enquanto o Robusta recuou 11,1%, segundo estudo do Cepea/Esalq. Isso indica que parte da pressão pode estar sendo compensada em algumas praças produtoras, embora ainda não se reflita plenamente nos consumidores finais.
Curiosamente, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, afirmou que o setor cafeeiro “não tem nenhum problema”, apesar das incertezas sobre tarifas dos EUA sobre produtos brasileiros. Ele disse que o mercado interno e externo permaneceriam “tranquilos”. Essa declaração, no entanto, contrasta com as projeções de reajuste feitas pela Abic.
E para o Brasil? Porto Seguro ou alerta constante?
Esse cenário mostra como um produto tão popular quanto o café pode ser afetado por pressões externas: tarifas, câmbio, custos de produção. Para o consumidor comum, um aumento de 10% a 15% é sentido no bolso — especialmente para quem consome café diariamente.
Não se trata de desespero imediato, mas de alerta. O Brasil é um dos maiores produtores de café do mundo e está sujeito a choques internacionais e políticas comerciais externas. Se os custos subirem demais ou se a demanda externa romper barreiras tarifárias mais rígidas, o repasse pode se intensificar.
Portanto, quando você vir o preço do café subir significativamente nas próximas semanas, vai saber que não é só “inflação normal” — é um reflexo de pressões globais sendo despejadas sobre a prateleira brasileira.


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