Eduardo Introvini fala sobre agronegócio, desafios e oportunidades no campo

Por: Rafael Proença
Fotos: Arquivo Rota Norte Podcast

O agronegócio brasileiro tem papel fundamental na alimentação global — e quem acompanha esse universo sabe que os desafios são tão grandes quanto as oportunidades. No episódio mais recente do Rota Norte Podcast, apresentado por Douglas Proença, o convidado Eduardo Introvini, produtor rural e diretor regional da Aprosoja/MS, trouxe uma verdadeira aula sobre o setor agrícola, especialmente no contexto do Mato Grosso do Sul.

O Brasil como potência agrícola mundial

Logo no início do bate-papo, Introvini destacou o protagonismo brasileiro na produção de alimentos. “O Brasil é o maior exportador de soja do mundo, principalmente para a China”, afirmou. De acordo com ele, o país alimenta cerca de 1 bilhão de pessoas, cinco vezes sua própria população, o que reforça a importância estratégica do setor.

Além da soja, o país se destaca na produção de milho, algodão, suco de laranja e cana-de-açúcar. No Mato Grosso do Sul, o sul do estado lidera com lavouras gigantescas — como Maracaju, que planta mais de 300 mil hectares. “Nossa região está bombando”, enfatizou Introvini.

Sustentabilidade e desinformação

Ao tratar das críticas ambientais feitas ao agro, o produtor foi direto: “O Brasil dá aula em preservação”. Segundo ele, a legislação brasileira é uma das mais rígidas do mundo, exigindo áreas de reserva legal que chegam a 80% na Amazônia. “Não faz sentido dizer que o agro desmata para produzir. Isso é desinformação”, disse, criticando a falta de comunicação entre o campo e a cidade.

Douglas Proença também reforçou essa questão, lembrando que “quem conta a primeira versão, ganha a opinião pública”. Ambos apontaram a necessidade de mais transparência e diálogo com a sociedade urbana.

Juventude, inovação e mercado de trabalho

O agro também tem se modernizado, especialmente após a pandemia. Segundo Introvini, a sucessão familiar está cada vez mais comum, com jovens assumindo os negócios dos pais e criando startups voltadas para o campo. “Hoje tem muita gente jovem ganhando dinheiro no agro. A operação está 100% profissionalizada”, contou.

O maquinário moderno exige qualificação. Uma colheitadeira, por exemplo, pode custar até R$ 4 milhões, o que exige operadores capacitados. “Se a máquina não tiver ar-condicionado e Wi-Fi, ninguém quer trabalhar nela”, brincou.

Defensivos agrícolas e alimentos seguros

Sobre os questionamentos relacionados ao uso dos “agrotóxicos”, Introvini defendeu o uso consciente de defensivos agrícolas. “Ninguém quer aplicar mais do que o necessário. É caro, e o produtor só aplica se for preciso”, explicou. Ele também defendeu os alimentos transgênicos como seguros e mais eficientes para o controle de pragas.

“Alguém que diz que o produtor quer envenenar as pessoas claramente não entende nada do setor”, afirmou. Para ele, a segurança alimentar global depende do uso de tecnologia e responsabilidade no campo.

Agricultura familiar x agronegócio: uma falsa rivalidade

Douglas levantou uma provocação comum: “Por que não substituir a soja por agricultura familiar?”. Introvini respondeu com equilíbrio: “Existe espaço para todos. A agricultura familiar tem papel social e econômico importante, mas não é ela quem sustenta o PIB brasileiro. O que segura a economia são grãos como soja, milho e algodão”.

Ambos concordaram que não existe disputa entre o pequeno e o grande produtor, mas sim desinformação. “A agricultura familiar é indispensável para o consumo local, mas a exportação que gera bilhões em impostos é do agronegócio industrial”, acrescentou o apresentador.

O futuro do agro brasileiro

Introvini acredita que o Brasil continuará sendo referência mundial no setor. “Temos muita área degradada que pode ser recuperada, temos água em abundância, tecnologia e clima favorável. O futuro do agro está aqui”, resumiu.

Ele também apontou a tendência de confinamento de gado e uso de pasto rotacionado como formas de aumentar a eficiência na pecuária, liberando áreas para produção de grãos.

Ao final, o produtor reforçou que, apesar das críticas, o Brasil está entre os países que mais alimentam o mundo — e com responsabilidade. “A gente não está atrás de ninguém. Hoje, os americanos estão vindo aprender conosco”, concluiu.


📺 Assista ao episódio completo e mergulhe no universo do agronegócio com Eduardo Introvini e Douglas Proença. Uma conversa franca, rica em informações e com muitas provocações para refletir.

Entrevista ao vivo no Rota Norte Podcast – 21 de junho de 2025
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