Na década de 1970, a psicóloga Christina Maslach percebeu um padrão em quem vivia sob pressão: médicos, policiais e outros profissionais exaustos e desconectados relatavam que o trabalho havia se tornado insuportável, mesmo diante de tarefas simples. O psicólogo Herbert Freudenberger, que fundou uma clínica voluntária em Nova York, também viveu esse desgaste ao se submeter a jornadas extenuantes, definindo burnout como um estado de exaustão completa causado pelo compromisso excessivo. Rapidamente, percebeu-se que o problema atingia diversas áreas, como medicina, ensino, segurança e enfermagem, espalhando-se como uma epidemia.
Burnout não é apenas cansaço; segundo a classificação internacional CID-11, trata-se de uma síndrome resultante de estresse crônico no trabalho que não foi bem gerenciado. O problema raramente é apenas pessoal — traços como perfeccionismo, introversão ou instabilidade emocional podem aumentar a vulnerabilidade, mas o gatilho principal quase sempre vem do ambiente de trabalho.
O diagnóstico oficial é difícil, já que exigiria inspeção do local de trabalho para confirmar a relação direta entre função e sintomas, algo que raramente acontece. Isso faz com que muitos quadros graves de saúde mental escondam um burnout não identificado. Estima-se que cerca de 32% dos trabalhadores brasileiros apresentem sintomas da síndrome, número semelhante ao apontado pela Associação Nacional de Medicina do Trabalho. Pesquisas variam, mostrando entre 10% e 15% de casos graves e cerca de 30% sem sinais aparentes.
O burnout é exaustão profissional profunda em escala nacional e não será combatido apenas com dicas de autocuidado. É preciso mudar a cultura e as condições de trabalho para impedir que mais vidas sejam consumidas por esse esgotamento silencioso.
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