Quando a censura gera revolução: Nepal e o despertar da Geração Z
Em setembro de 2025, o governo do Nepal ordenou o bloqueio de 26 plataformas de mídia social, como Facebook, WhatsApp, YouTube e outras. A justificativa oficial foi o combate à desinformação e à fraude, mas para a juventude, essa medida foi vista como autoritarismo puro e tentativa de silenciar a expressão digital da população.
A resposta veio com força: estudantes e jovens da Geração Z — muitos ainda em uniforme escolar — tomaram as ruas de Kathmandu e de outras cidades. Os protestos não eram partidários, mas espontâneos, e nasciam da insatisfação de uma geração conectada e cansada das velhas práticas políticas.
O movimento rapidamente escalou. Prédios governamentais, como o Parlamento e o Palácio Presidencial, foram incendiados. A repressão foi violenta, com uso de gás lacrimogêneo, balas de borracha e até munição real. Mais de 20 pessoas morreram e centenas ficaram feridas.
Diante da pressão, o Primeiro-Ministro Khadga Prasad Sharma Oli renunciou ao cargo. Pouco depois, o bloqueio das redes foi revogado, mas os protestos continuaram, com a juventude exigindo reformas profundas, transparência e o fim da corrupção no país.
Paralelo brasileiro: censura digital em xeque
Enquanto no Nepal a censura digital levou ao colapso de um governo autoritário, no Brasil surgem sinais preocupantes. Decisões judiciais recentes, como a suspensão de plataformas digitais e exigências mais rígidas sobre redes sociais, vêm sendo interpretadas como passos em direção ao cerceamento da liberdade de expressão.
O tema já chamou a atenção de autoridades internacionais, incluindo os Estados Unidos, que criticaram publicamente medidas brasileiras vistas como incompatíveis com princípios democráticos. O país vive hoje um debate delicado: até onde vai a regulação legítima e onde começa a censura?
Conclusão: Voz ativa versus silêncio regulado
No Nepal, o bloqueio digital foi a faísca que desencadeou um levante histórico da Geração Z, mostrando que os jovens não aceitam ser calados. No Brasil, o cenário é menos explosivo, mas o alerta está aceso: cada medida que restringe a voz dos cidadãos precisa ser observada com atenção. A lição que vem do outro lado do mundo é clara — a liberdade de expressão, quando ameaçada, pode se tornar o estopim de transformações profundas.
Referências
- The Guardian – relatos sobre os protestos da Geração Z no Nepal e denúncias de corrupção.
- Kathmandu Post e Himalayan Times – informações locais sobre a repressão e a renúncia do primeiro-ministro.
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