Pautas de Hugo Motta na Câmara geram tensões políticas em Brasília

A decisão do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), de pautar simultaneamente a mudança na dosimetria das penas aplicadas aos envolvidos no golpe de 8 de janeiro e os processos de cassação de mandato de Glauber Braga (PSol-RJ), Carla Zambelli (PL-SP), Alexandre Ramagem (PL-RJ) e Eduardo Bolsonaro (PL-SP) gerou estresse político em Brasília.

Essa iniciativa não apenas favorece a oposição e ameaça impor derrotas ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva, mas também revela um método de condução da Câmara que combina improviso, força bruta e ausência de mediação política. Isso resulta em um presidente fragilizado perante a opinião pública, tentando impor autoridade pela força e não pela construção de consensos.

A ocupação da Mesa Diretora por Glauber, seguida de sua remoção à força, expôs falta de bom senso na condução dos trabalhos e um estilo de direção inadequado. Ao pautar matérias explosivas ao mesmo tempo, sem aviso, negociação ou informação ao relator do projeto de nova dosimetria das penas, o deputado Paulinho da Força (Republicanos-SP), Motta criou as condições para o tumulto, agravado pelo cerceamento do trabalho da imprensa e do acesso à informação.

A pauta escolhida pelo presidente da Câmara colocou o governo de Lula na defensiva e beneficiou a oposição, tanto pelo avanço do projeto que reduz a pena de Bolsonaro e outros condenados pelo 8 de Janeiro, quanto pela abertura de julgamentos que podem resultar na cassação de adversário direto e manutenção dos mandatos de deputados de extrema direita.

Essa combinação evidencia que Motta opera cada vez mais alinhado aos interesses da oposição, especialmente ao projeto do Centrão de unificar a oposição em torno da candidatura do governador Tarcísio de Freitas. Além disso, a decisão de Motta de ignorar o entendimento da Corte que determina a cassação automática de deputados condenados ao regime fechado, ao enviar ao plenário o caso de Ramagem, amplia o conflito institucional entre Câmara e Supremo.

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