Agro de MS: Ciência e Investimento Impulsionam Crescimento Acima da Média Nacional

O economista Rafael Chaves Santos, PhD em Economia e professor da FGV, avalia que o notável crescimento econômico de Mato Grosso do Sul não se deve apenas à sorte ou à alta das commodities. Ele destaca que o agronegócio no estado incorpora considerável inteligência e ciência, o que explica o desempenho superior à média nacional. Santos enfatiza que o sucesso regional é impulsionado por investimento e ganho de produtividade, considerando o agronegócio uma oportunidade e um caminho sustentável de desenvolvimento, e não uma vulnerabilidade estrutural.

Santos argumenta que, embora a diversificação econômica seja bem-vinda, o investimento no agronegócio deve continuar, pois o capital e os investimentos que ele catalisa ajudam a desenvolver outras áreas. Ele também ressalta a importância do volume de investimento privado em Mato Grosso do Sul, considerando que o capital privado tende a ser melhor alocado do que o capital público, o que representa uma vantagem competitiva para a região. O investimento, de forma geral, é visto como positivo para a geração de empregos, desde que haja mão de obra capacitada.

Abordando a conjuntura nacional, o economista explica que os juros elevados no Brasil não são culpa exclusiva do Banco Central, mas um reflexo do desequilíbrio nas contas públicas, que aumenta o risco fiscal e encarece o crédito. Ele defende que o Brasil precisa fazer um ajuste fiscal rigoroso, “cortando na própria carne”, para evitar que o mercado imponha um ajuste mais severo no futuro. O modelo Samba, coautorado por Santos, indica um ciclo de aperto monetário com juros acima do neutro, mas com sinais iniciais de desaquecimento da demanda e convergência da inflação para a meta.

O impacto dos juros altos na economia do agronegócio, que é intensiva em capital, é significativo, aumentando o custo de oportunidade do dinheiro. No entanto, Santos observa que os investidores da região demonstram paixão pelo Brasil e pelo agronegócio, apostando e investindo na terra e na pecuária. Ele reitera a necessidade de equilíbrio fiscal para atrair capital privado e gerar valor, criticando a falta de determinação política para realizar o ajuste fiscal necessário, especialmente em um ano eleitoral, o que é preocupante pois o mercado eventualmente forçará esse ajuste.

O principal risco fiscal para a economia brasileira, segundo Santos, é o desalinhamento das contas macroeconômicas, que pode levar a desvalorização cambial abrupta e inflação. Ele vê como oportunidade contínua o investimento no agronegócio em Mato Grosso do Sul, pois a demanda por alimentos como soja e carne é global. O serviço que o estado presta ao mundo, exportando alimentos, é considerado muito bem-vindo, mesmo com o avanço da inteligência artificial e da transformação digital.

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